sexta-feira, 18 de maio de 2012

FLIP 10 anos


Programação 2012 está no ar


A Flip – Festa Literária Internacional de Paraty –  chega a sua 10ª edição com fôlego extra para festejar a boa literatura. De 4 a 8 de julho, 40 escritores vindos de 14 países se reúnem em Paraty para cinco dias de intensa programação. Para marcar uma edição especial, o homenageado desta edição será o escritor, poeta e cronista Carlos Drummond de Andrade.

A programação completa da Tenda dos Autores, com todas as mesas literárias e horários, já está disponível no site www.flip.org.br.

Também estão on-line as informações sobre a venda de ingressos, que começa no dia 4 de junho, às 10h, pela internet, telefone e em diversos pontos de venda.



Confira abaixo a lista de autores  da 10ª Flip:


Adonis, Alcides Villaça, Alejandro Zambra, Altair Martins, Amin Maalouf, André de Leones, Antonio Carlos Secchin, Antonio Cicero, Armando Freitas Filho, Carlito Azevedo, Carlos de Brito e Mello, Dany Laferrière, Dulce Maria Cardoso, Enrique Vila-Matas, Eucanaã Ferraz, Fabrício Carpinejar, Fernando Gabeira, Francisco Dantas, Gary Shteyngart, Hanif Kureishi, Ian McEwan, J.M.G. Le Clézio, Jackie Kay, James Shapiro, Javier Cercas, Jennifer Egan, João Anzanello Carrascoza, Jonathan Franzen, Juan Gabriel Vásquez, Luis Fernando Verissimo, Luiz Eduardo Soares, Paloma Vidal, Richard Sennett, Roberto DaMatta, Rubens Figueiredo, Silviano Santiago, Stephen Greenblatt, Teju Cole, Zoé Valdés, Zuenir Ventura.
Para comemorar seus dez anos, a Flip prepara ainda o lançamento de dois livros e um DVD cheios de histórias para contar.

Para saber mais sobre o que vem aí acesse o site www.flip.org.br.



Fonte: Site oficial da Flip www.flip.org.br.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O Aniversariante do Dia

Simão Pessoa


Simão Pessoa é um caso raríssimo de "maluco beleza" que não fuma maconha e trabalha pra cacete. Em compensação é um exterminador de Red e cerveja gelada (antártica, de preferência). Simão tem a música na alma (sem pieguismo), além de inúmeras matérias sobre o assunto tem três livros publicados com a temática: Rock, a música que toca, Reggae, a música que pulsa e Funk, a música que bate. Para o desespero de alguns, o Sacana tem um humor afinadíssimo elogiado, nada mais nada menos,  por Millôr Fernandes. Publicou, entre outros, o Folclore Político do Amazonas, Causos de Bamba, Manual do Canalha, Manual do Espada e Manual do Garanhão, depois reunidos no Clássico Alô Doçura. Na poesia tem, entre inúmeras publicações, o imperdível Matou Bashô e foi ao cinema.



Quando resolvi montar uma banca para vender livros usados (Sebo) na Praça da Polícia, juntei os poucos livros que tinha para começar. Dias depois recebi o telefonema do Simão dizendo que tinha uns livros para mim. Recebi, mais ou menos, uns duzentos livros que foram fundamentais para não desistir da loucura nos primeiros dias. Graças a ele (que até hoje continua colaborando) e  outros amigos, estamos na mesma praça até hoje subvivendo de livros usados.

Simão mano,
milabraços...

Simão, Anibal Beça, João Rodrigues e Celestino Neto ("o papai aqui"), durante uma sessão de poesia falada no projeto "Poesia solta na rua", defronte à quadra da Reino Unido há alguns anos atrás 


Ode ao poeta mordaz Simão Pessoa

Anibal Beça

A boca do poeta mordaz
Não se cala ao vento
Amordaça-o no vento
Em nó de nuvens.

Abençoada forquilha
De galho se abrindo
A língua se estica
Para a celebração
Do estilingue:

“Serpent: Penser
Present: Serpent”

Ó idolos de pés de barro
(descalços ou não)
ícones entronizados
mestres santificados
afastai vossas auras
para a passagem
das setas viperinas
(ou serão dardos de açucenas?)
yuppies-macuxis – suburucus 
sintonizai vossas oiças:
todos terão trato adequado
latino-tropical
regado à
guarânia com guaraná

todos terão – sem exclusão – 
a litania dos forcados
um dabacuri
um conciliábulo
de escárnio & maldizer
ao som
de guarânia com guaraná
dançada de parceria
com a vida
na sua antena em guarda
destruindo mil barreiras
e mais os cânones da província

Este Simão Pessoa
(guardem bem o seu nome)
é do meu chão
e do meu coração
e isto nada tem
com a rima fácil
e muito menos
com nenhuma solução
é apenas confissão:

se não me chamasse Anibal
me chamaria Simão



Fonte: Blog do Simão Pessoa


ECSTASY


A solidão me diz 
que nem sempre laço
o que sempre quis


Como estou a mil
eu mando a solidão
pra puta que pariu


NASHUA
(1603-1678)


A PASSAGEM DA PRIMAVERA


No jardim em frente
sob  vento forte
vibra a madressilva


Seu doce bailado
sugere uma bacante
de nudez lasciva


SUSHI
(1652-1703)


(de Matou Bashô e foi ao cinema)


Caramuri, a bola da Copa
Por Simão Pessoa




O projeto “Caramuri – a bola da Copa” continua dando muitos panos pra manga.

Ontem, no finalzinho da tarde, eu, Mestre Pinheiro, Edu do Banjo, Duduzinho do Samba e Beto Mafra fomos convocados pela TV Amazonas (leia-se rede Globo) para uma entrevista com o repórter Rafael e uma apresentação ao vivo da marchinha de sustentação da campanha.
O local escolhido para a lambança foi o imponente Salão dos Espelhos do Atlético Rio Negro Clube, ainda ricamente ornamentado por conta do último baile de carnaval.Adolescente, tentei inutilmente furar o esquema de segurança do clube barriga-preta para entrar no carnaval sem pagar e nunca consegui.
Dessa vez, entrei pela porta da frente e fui recebido pelo presidente do clube. 

Te mete!
A matéria deve ir ao ar no Globo Esportes desse sábado, se não chover.
Durante a entrevista, o Rafael me perguntou se eu já conhecia a fruta caramuri.

Ilustrei minha resposta com um resumo desse causo político abaixo, que teve como testemunha ocular o advogado Sergio Litaiff.

Junho de 1986. 

Candidato a deputado federal, Carrel Benevides, que era vereador em Manaus, resolve garimpar votos no município de Parintins e embarca para lá, com uma comitiva de peso: Luiz Carlos Brandão, Messody Sabbá, Sérgio Litaiff e o ex-prefeito de Presidente Figueiredo, jornalista Mário Jorge. 

A missão da comitiva era conquistar o apoio de uma matriarca do clã dos Assayag, a superbacana Pérola Assayag, na época responsável em Parintins pelo escritório da Taba (Transportes Aéreos da Bacia Amazônica). 
Ao atingir o espaço aéreo da ilha de Tupinambarana, o pequeno bimotor que levava a comitiva do vereador começa a fazer uma série de voos rasantes, o que incluía descidas em parafusos, voos cegos e arremates de ponta-cabeça. 

Os insulares, claro, ganham as ruas, não apenas para apreciar as acrobacias aéreas, mas, principalmente, para torcer secretamente por um erro do piloto, o que faria o bimotor se esborrachar no chão.

É voz corrente na ilha dos bumbás que o verdadeiro parintinense detesta pavulagem, principalmente durante o período eleitoral.

Depois de 15 minutos de acrobacias nos céus de Parintins, finalmente o bimotor pousa na pista do aeroporto local, sob os aplausos de milhares de pessoas. 
Feliz da vida, o vereador Carrel Benevides desce do avião acenando para os milhares de eleitores em potencial, que acorreram ao local em busca do piloto-suicida. 

Depois de distribuir autógrafos, como se fosse um cantor de rock, Carrel sobe na traseira de uma picape e inicia uma apoteótica carreata pelas ruas da cidade. 

Sérgio Litaiff, Mário Jorge e Luiz Carlos Brandão, também aboletados na traseira da picape, providenciam uma queima de morteiros digna de uma milícia taleban.

Depois de azucrinarem a população com o estampido de dez mil tiros de morteiros naquela pachorrenta manhã de domingo, a comitiva para na frente da casa de dona Pérola Assayag.
Sem saber do que se tratava, ela, hospitaleira como sempre, pede pra turma entrar e serve limonada, refrigerante, cafezinho, bolo de milho, pudim de leite e tapioquinhas no coco.

Quando Carrel se apresenta e discorre sobre suas reais intenções, dona Pérola é de uma sinceridade genuinamente parintintim. 

Limpando as mãos no avental imaculadamente branco, ela mira o vereador nos olhos e dispara um exocet de médio alcance:

– O senhor é caramuri!

Carrel Benevides entende “caramuru” e fica todo pimpão. 
Caramuru, como todo mundo sabe, foi o apelido que os tupinambás da Bahia puseram no português Diogo Álvares – náufrago que teria atingido as costas baianas em 1510 – depois de ele ter dado uns tiros de bacamarte pra cima para assustar os nativos e que significa “filho do trovão”. 

Os dez mil tiros de morteiros haviam servido para alguma coisa. 

Com o ego mais inflado do que nunca, o vereador resolve mostrar que foi um bom aluno de História do Brasil:

– Obrigado pela comparação elogiosa, dona Pérola, mas o nome correto não é caramuri, é caramuru...
Aí foi a vez de dona Pérola chutar o pau da barraca:

– Não, meu filho, o nome certo é caramuri. Esse é o nome de uma frutinha que só dá aqui de quatro em quatro anos, igualzinho a um bocado de políticos...

O papo mixou na mesma hora. 

Dez minutos depois, Carrel abandonava a ilha, sem fogos de morteiros ou aplausos apoteóticos, mas bastante injuriado com a história do caramuri. 

Mesmo assim se elegeu deputado federal constituinte, atropelando na reta final um candidato-anta chamado Antar. Mas isso é uma outra história.


Fonte: Blog do Simão Pessoa

terça-feira, 1 de maio de 2012

A volta do Projeto Jaraqui

o papai aqui (Blog do Alienista) de camisa branca e azul cercado pelos dois filhotes

Por José Martins Rocha

 

No final da década de setenta, eu estava cursando o quinto período de Administração de Empresas, na Universidade do Amazonas, ao passar pela Praça da Polícia, parei para ouvir o discurso de uma pessoa que estava na Rotunda, gostei e, a partir daí, passei a ser um expectador esporádico, aos sábados, do Projeto Jaraqui.

Trinta anos depois do lançamento do projeto, voltei à praça para o seu renascimento. O vereador Mário Frota meteu o pau nos políticos corruptos, cheguei perto e, cumprimentei o nobre edil; tomei um cafezinho no Café do Pina, na companhia do Celestino Neto (livreiro); encontrei com velhos amigos, bebi uma água mineral com o Ademir Ramos (antropólogo), Socorro Papoula (militante do PT) e Paulo Onofre (consultor político).

Subiu à tribuna o advogado Abel Alves, o homem fez um discurso da melhor qualidade, propôs a mudança do nome projeto -, de Jaraqui, para Arraia -, para ferrar os políticos safados; depois, ouvi com atenção o professor Ademir Ramos em suas explanações, em seguida, a Socorro Papoula, fez um pronunciamento, incentivando as mulheres a se filiarem a um partido político e a conquistarem um cargo eletivo no legislativo – antes de ir embora para outro compromisso, ainda deu para ouvir o Deputado Luiz Castro, o homem falou brilhantemente, não é a toa que ele é considerado o melhor Deputado da atual legislatura.

Atendendo a um apelo do Ademir Ramos, peguei o chapéu Panamá do Abel Alves e, pedi gentilmente a contribuição de todos, para o pagamento do aluguel do equipamento de som, ainda bem que a grande maioria foi solidária.

Assinei a uma lista para o fim de uma imoralidade chamada “Auxílio Paletó”, depois, recebi do Paulo Onofre, uma Carta de Principio, com os seguintes termos: “O Movimento Social enquanto frente de organização popular conquista a cada dia novos espaços, visando exercer a soberania numa perspectiva contra grupos e força privatista que buscam reduzir o Estado aos seus interesses cumulativos, em vez de promover a distribuição através de politicas publicas eficientes formuladas em programas e projetos de inclusão social indutores da plena cidadania. Neste contexto das lutas sociais está inserido o Projeto Jaraqui, que refundamos nesta data com propósito de promover as discussões para garantir os Direitos Coletivos de nossa população seja do interior ou da capital, dos rios ou das florestas, das pessoas e da biodiversidade que nos cerca...

Pronto, estou novamente engajado em movimentos sociais populares, de volta ao nosso Projeto Jaraqui -, pretendo nos próximos encontros, participar mais ativamente. A semente foi lançada. É isso ai. 


Fonte: Blog do Rocha