segunda-feira, 25 de julho de 2011

NA CORDA BAMBA (Celestino Neto)



e agora, seu Lé?
a festa acabou,
acabou a pasta de dente,
mas tem gilete pra cortar o pulso
não, não
eu prefiro dar uns paus no cachimbo
e arriscar um pau dos guardas
que fardam suas vidas para nos proteger
dá licença que eu vou correr...

e agora, brother?
acabou o xampu
e o patrão me mandou embora
eu mandei ele tomar banho
(ou tomar no cu)
Ora, você pensou que eu não rimaria
mas são tantas porcarias
por que minha porquesia
não pode rimar o que quiser?
salário rima com fome
essa é a lei dos “omi”
e eu aqui dando uma de bom moço
faltando cachorro pro meu osso
faltando dor pra minha cachaça
mas não tem nada não
o poeta vai à praça
no fim do túnel
resta minha luz própria
poeta de bosta
no meio desse sanitário público
mas deixa isso pra lá...

- pernas ao alto!
princesa, isso é um assalto
quero roubar teu coração
que lindo negros olhos azuis você tem
juraria que são verdes
põe ali naquela mesa pra eu degustar
se a ficha acabar
liga pra mim baby
que eu não vou está em casa
saí pra atender teu telefone
mas era um trote
uma voz perguntava-me insistentemente
alô, alô quem fala?
como posso saber-me?
quando abri minha língua
minha boca caiu no chão
vou pegar um jato d’água
pra te encontrar
nesse deserto
que é essa multidão

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